NOVAS CENAS URBANAS
AÇÕES TECNOLÓGICAS ATUAIS
Neste eixo, busco trazer exemplos de arte e intervenções contemporâneas que lidem com suportes tecnológicos no espaço urbano. Meu objetivo é tentar relacionar o que se tem feito atualmente com os assuntos pesquisados e questões levantadas nos outros eixos, para assim, poder formular minhas próprias conclusões a respeito das contribuições que a tecnologia pode trazer para a partilha política do sensível.
Rafael Lozano-Hemmer
El Paso, Texas e Ciudad Juárez, Chihuahua. 2019.
BOARDERLANDS
“Se por acaso você estava em El Paso, Texas ou Ciudad Juárez, Chihuahua, em 2019 e olhou para o céu noturno, pode ter visto o que pareciam ser luzes de busca iluminando a paisagem enquanto vozes ecoavam na fronteira EUA-México.


Essas luzes faziam parte de uma instalação externa em grande escala do artista mexicano Rafael Lozano-Hemmer, cujos trabalhos participativos empregam tecnologia avançada como robótica e sensores de frequência cardíaca para inspirar o engajamento cívico.




Lozano-Hemmer descreve o trabalho, intitulado Border Tuner, que ele concebeu como um antídoto para o comentário sobre o muro da fronteira do Presidente Trump. É por isso que o artista surgiu com a poética "ponte simbólica" que convertia vozes em luzes, permitindo que os indivíduos falassem por si próprios, bem como por outros que podem não ter uma plataforma.”



THE RADAR
Ryoji Ikeda
Praia da Macumba, Rio de Janeiro, Brasil. 2012.

O artista visual japonês, Ryoji Ikeda, concentra-se nas características essenciais do próprio som e de luzes por meio de precisão matemática e estética. Ikeda ganhou reputação como um dos poucos artistas internacionais que trabalham de forma convincente tanto na mídia visual quanto sonora. Ele orquestra elaboradamente sons, luz, materiais, fenômenos físicos e algorítimos em apresentações e instalações imersivas e sensoriais.

A obra de Ikeda fez parte da bienal do Rio, Outras Ideias para o Rio (OiR), que aconteceu em 2012. O artista foi um dos vários convidados para criar obras temporárias específicas para a paisagem do Rio.











Seu projeto “Radar” na praia do diabo, Arpoador, projetou na areia da praia, a partir de dados da NASA, como seria a constelação vista por nós caso não existisse a poluição nas cidades. Seu objetivo era fazer as pessoas sentirem um pouco do sublime.

Para Ikeda, a interação e o envolvimento espontâneo de pessoas se tornou a parte mais bonita do projeto.

“Eles começaram a reconhecer o trabalho e a inventar formas de se envolver / brincar com ele. Eventualmente, eu senti fortemente que o trabalho não fazia nenhum sentido sem as pessoas. Digamos que eu fiz metade disso e as pessoas completaram o resto. ”

SPECTRA
Ryoji Ikeda
Hobart, Tasmânia. 2018.


"Spectra é uma série de instalações em grande escala que utilizam luz branca intensa como material escultural. As instalações são projetadas em resposta a espaços de galeria específicos ou sites públicos selecionados pelo artista. A luz branca é uma das formas mais puras de transformação da eletricidade. Vemos um estado puro de energia. Através destas instalações, os visitantes testemunham como esta pura transformação altera o próprio ambiente e também a si próprio.





A luz branca inclui todo o espectro de cores. Com a instalação da luz, o visitante recebe a informação da cor em seus olhos de forma instantânea e tão intensa que não consegue ver nada, como na escuridão. A instalação torna-se portanto quase invisível. Consequentemente, as obras de arte provocam um sentimento de algo indescritível, algo sublime e sobrenatural, algo inesquecível."





AUTONOMOUS RESONATING LIFE ON THE WATER
TeamLab
Dragonfly lake, Singapura. 2019.
Rafael Lozano-Hemmer é um artista eletrônico mexicano-canadense que trabalha com ideias de arquitetura, teatro tecnológico e performance. A maioria de suas produções contém mais de um elemento de tecnologia pois acredita que atualmente tudo está funcionando por meio de redes globalizadas de comunicação. Alguns desses suportes utilizados por Lozano-Hemmer são: robótica, software customizado, projeções, sensores, LEDs, câmeras e sistemas de rastreamento.


TeamLab é um grupo interdisciplinar de artistas formados em 2001 em Tóquio, Japão. O grupo que atualmente já são mais de 400 pessoas – dentre eles, artistas, programadores, engenheiros, animadores, matemáticos e arquitetos – se autodenomina “ultra-tecnologistas” por criarem arte digital integrando tecnologias avançadas. Seus projetos tem como objetivo mostrar a relação entre a natureza e as criações artificiais através de imersões do corpo do destinatário nesse mundo interativo.

“Os ovoides de luz na superfície do Lago Dragonfly brilham intensamente junto com as árvores na margem do lago. Elas são autônomas: brilham intensamente e depois desaparecem lentamente, como se respirassem.










Quando um ovoide é empurrado, a cor de sua luz muda e ele emite um tom de som específico para aquela cor. A luz ressoa nos ovóides e nas árvores próximas. O tom do som ressoa continuamente da mesma forma que a luz, espalhando-se pelos ovóides e árvores.

Quando uma luz ressoa do outro lado, significa a presença de pessoas ou animais locais. Talvez as pessoas se tornem mais conscientes da existência de outras coisas vivas no mesmo espaço.”










CRISTAL FOREST SQUARE
TeamLab
Shenzhen. 2023.
“’Crystal Forest Square’ é composto por um grupo de pilares de cristal feito de uma série de pontos de luz, e o conjunto de grupo de pilares de cristal cria um objeto sólido.

Ele funciona interativamente e podemos controlar sua luz digitalmente aproximando-nos de cada ‘Crystal Tree’, ou usando smartphone.












Cada ‘Crystal Tree’ é um objeto tridimensional que tem uma experiência pessoal e interativa como um objeto independente e, como uma coleção esparsa, torna-se um espaço de instalação criando uma sensação de espaço onde não há fronteira entre si. Como um grupo denso, torna-se um enorme objeto tridimensional. Por causa da continuidade matemática, eles mudam perfeitamente.”











São Paulo, Brasil. 2015.
Guto Requena
EU ESTOU
“O Estudio Guto Requena reflete sobre memória, cultura e poéticas narrativas nas diferentes escalas do design, como objetos, espaços e cidades.

O que conecta todos os projetos do Estudio Guto Requena é seu desejo em investigar design e tecnologias digitais de modo emocional, para estimular a empatia e o coletivo. Sua grande paixão está em hibridar o analógico ao virtual.”

“Misto de mobiliário urbano e projeto de visualização de dados, a instalação convida o participante a sentar-se em um banco, tirar uma foto de si mesmo e escolher dentre seis emoções aquela que sente no momento: amor, alegria, surpresa, raiva, medo ou tristeza, conforme definição do psicólogo Dr. Phillip Shaver sobre o grupo de seis emoções básicas do homem.











Cada uma é representada por uma cor, que filtra a foto no momento em que ela aparece na Galeria de Arte Digital. A imagem se dilui em um gráfico que permite comparar quais emoções predominam individual e socialmente. Os gráficos são exibidos na fachada principal do prédio da FIESP, localizado na Avenida Paulista - São Paulo, um dos edifícios de maior expressão arquitetônica dos anos 80 e obra-prima do arquiteto Rino Levi.”









EMPATIAS MAPEADAS
Guto Requena
São Paulo, Brasil. 2018.
“Empatias Mapeadas é um projeto de pesquisa experimental no qual se pretende explorar possibilidades de adicionar novas camadas poéticas no mobiliário urbano através de tecnologia digital interativa. Nós, acreditamos no potencial de nova era do mobiliário urbano adicionado de tecnologia, proporcionando nosso senso de coletivo, de pertencimento e memória, empoderando comunidades para construir uma sociedade melhor em que estimula a empatia.











Sua forma ressoa em uma catedral que abriga confortavelmente um grupo de pessoas desconhecidas umas das outras. Os corações do público são gravados em tempo real no tocar do dedo via sensores instalados nos bancos. Os dados vitais são enviados para microfones e luzes que transformam a arquitetura em uma imensa escultura de emoções. O batimento cardíaco individual pode ser escutado, músicas são geradas por um software que intercala os sons e transforma todos os batimentos em uma sinfonia dirigida pelo pulso da vida. Luzes acompanham o mesmo ritmo, criando efeitos que seguem esse processo de imersão.”










MEU CORAÇÃO BATE COMO O SEU
Guto Requena
São Paulo, Brasil. 2018.
“Meu coração bate como o seu” une a potência da empatia e do DESIGN-COMO-ATIVISMO para criar um tributo à comunidade LGBT+ no Brasil. O trabalho interativo, em grande escala, é um híbrido entre mobiliário público urbano e escultura, localizado na icônica Praça da República, em São Paulo, onde o primeiro encontro dos ativistas LGBT+ aconteceu (1978).

A estrutura de 16m de altura é composta por cilindros metálicos de infraestrutura subterrânea. Dentro dos cilindros, equipamentos de som transmitem audio-depoimentos de ativistas LGBT+ sobre suas experiências e o som dos seus batimentos cardíacos, colhidos ao contarem suas histórias.











Esses pulsos cardíacos informam o algoritmo que serve de parâmetro para a iluminação noturna do trabalho, enquanto o áudio toca em looping dia e noite.

No local, há uma placa que identifica o projeto e convida pessoas a enviarem suas histórias de resistência via mensagens de voz pelo WhatsApp. Algumas destas histórias serão selecionadas para serem integradas ao trabalho.”









Guto Requena
São Paulo, Brasil. 2016.
ME CONTA UM SEGREDO?
“Me Conta Um Segredo?" é uma obra de arte pública temporária, um mobiliário urbano interativo criado para o URBE 2016. Composto por 5 bancos de madeira, desenhados para estimular o coletivo, situados no meio da Praça Coronel Fernando Prestes no Bairro do Bom Retiro, reduto de imigrantes na cidade de São Paulo. Uma sexta peça, em formato de câmara, contendo um telefone antigo e a frase "Me conta um segredo?" convida os passantes a entrarem e compartilharem suas histórias.










Tais segredos são armazenados num computador e transmitidos randomicamente dentro dos móveis, através de caixas de som implantadas em seu interior.

A cor desse mobiliário se originou num processo de miscigenação das bandeiras dos principais imigrantes da região, como Coréia do Sul, Grécia, Bolívia, Itália e Haiti.”








THE PARTICLE PLAN
Studio Drift
Lucerna, Suíça. 2014.
“A equipe criativa percebeu que cruzar a ponte é uma experiência especial. Ele se conecta à história da ponte e à cidade de Lucerna. Atravessar a ponte é um ato que deve ser visto de fora e vivenciado ao caminhar sobre a ponte.

Com este projeto de instalação interativa de luz com o intuito de ser permanente, a ponte da capela se torna um palco público. Um passeio pela ponte gera um padrão único de luz na ponte, iluminando os distintos elementos que constituem a ponte, como uma tela renovável fresca.









Desta forma, também destacamos como a ponte, construída em 1333, se mantém viva como um conceito enquanto suas peças artesanais são continuamente rejuvenescidas.”